terça-feira, 4 de agosto de 2015

O IMPACTO DA PRIMEIRA INFÂNCIA NA COMPREENSÃO DO MUNDO



“Todos nós construímos um mapa da realidade a partir das experiências vividas na infância. A criança é dotada de uma capacidade absorvente, absorve e estrutura a personalidade do futuro adulto. Ela tem tendência inata a desenvolver sua personalidade original sob a influência do ambiente e da aprendizagem, constrói seu conteúdo mental a partir do alimento social: o homem só pode chegar a seu verdadeiro ser conduzido pelo outro.”

Quando se pretende falar sobre “o impacto da primeira infância na compreensão do mundo” temos que considerar o mundo adulto e o mundo da criança, a desumanidade do primeiro e a humanidade do segundo. O adulto de hoje foi criança um dia e a criança de hoje será o adulto do futuro. De onde provêm, então, a crueldade e a desumanidade da sociedade contemporânea?
A idéia de que a primeira infância é um período decisivo na formação da personalidade, do caráter e no modo de agir do adolescente e do adulto encontra sustentação em dados recolhidos nos últimos 100 anos de pesquisas científicas. De fato, os primeiros seis anos são fundamentais para a constituição da pessoa. Achados recentes da Neurociência oferecem evidências de que acontecimentos precoces de natureza física, emocional, social e cultural permanecem inscritos por toda vida nas conexões sinápticas através de fenômenos de neuroplasticidade e biomoleculares. Todos nós construímos um mapa da realidade a partir das experiências vividas na infância. Assim, é possível, e muito mais eficiente, lançar os valores e fundamentos éticos da cidadania e da cultura de paz nesta primeira fase da vida, UMA VEZ QUE A CRIANÇA É DOTADA DE UMA CAPACIDADE ABSORVENTE, ISTO É, A CRIANÇA É AQUELA QUE TUDO RECEBE, JULGA COM IMATURIDADE, POUCO RECUSA OU REAGE. ABSORVE E ESTRUTURA A PERSONALIDADE DO FUTURO ADULTO. É A CRIANÇA QUE CONSTRÓI SEU CONTEÚDO MENTAL A PARTIR DO ALIMENTO SOCIAL E ASSIM ACUMULA EXPERIÊNCIAS QUE SERÃO UTILIZADAS PARA A CONSTRUÇÃO DE SUA VIDA.
(Nesse momento vamos pensar na nossa interferência pessoal. Será que estou sendo o melhor exemplo?)
Sabemos há milênios que um adulto é resultado de sua própria natureza, das suas relações com a família e diferentes grupos sociais, com a cultura e com os valores, crenças, normas e práticas. “Educai as crianças e não será necessário castigar os homens”, dizia Pitágoras. Platão clamava pelos melhores “nutrientes” sociais e culturais a serem transmitidos aos menores. Freud demonstrava que as interações precoces envolvendo os aspectos cognitivos e, fundamentalmente, os afetivos são pré-moldes das futuras relações do sujeito consigo, com os outros e com o ambiente. Para Karl Jasper “o homem só pode chegar a seu verdadeiro ser conduzido pelo outro”. Jean Jacques Rosseau definiu o homem como um ser “feliz e bom”, determinando que os preconceitos culturais e as normas da vida social produziriam “sua crueldade e infortúnio”. Locke assegurou: “a criança tem tendência inata a desenvolver sua personalidade original sob a influência do ambiente e da aprendizagem” e Maria Montessori definiu a preparação do ambiente muito antes do ingresso da criança na escola como “chave da educação e da cultura real da pessoa desde o seu nascimento”.

Maria Montessori, a médica que valorizou o aluno

Maria Montessori. Foto: Hulton Archive/Getty Images
Maria Montessori

O que Maria Montessori pensava dos professores: “ Tarefa das mais nobres que alguém pode tomar para si, como a caridade, o espírito de sacrifício, a atenção, entusiasmo, otimismo e zelo. Olhar cuidadoso para o aluno, espírito atento pronto a aproveitar, a dar força às potencialidades , amparar sem forçar e ter um perfeito domínio de si próprio...”

Poucos nomes da história da educação são tão difundidos fora dos círculos de especialistas como Montessori. Ele é associado, com razão, à Educação Infantil, ainda que não sejam muitos os que conhecem profundamente esse método ou sua fundadora, a italiana Maria Montessori (1870-1952). Primeira mulher a se formar em medicina em seu país, foi também pioneira no campo pedagógico ao dar mais ênfase à auto-educação do aluno do que ao papel do professor como fonte de conhecimento. "Ela acreditava que a educação é uma conquista da criança, pois percebeu que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as condições".
(Um paralelo com Rudolf Steiner)
Individualidade, atividade e liberdade do aluno são as bases da teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como, simultaneamente, sujeito e objeto do ensino. Montessori defendia uma concepção de educação que se estende além dos limites do acúmulo de informações. O objetivo da escola é a formação integral do jovem, uma "educação para a vida". A filosofia e os métodos elaborados pela médica italiana procuram desenvolver o potencial criativo desde a primeira infância, associando-o à vontade de aprender - conceito que ela considerava inerente a todos os seres humanos.

O método Montessori é fundamentalmente biológico. Sua prática se inspira na natureza e seus fundamentos teóricos são um corpo de informações científicas sobre o desenvolvimento infantil. Segundo seus seguidores, a evolução mental da criança acompanha o crescimento biológico e pode ser identificada em fases definidas, cada uma mais adequada a determinados tipos de conteúdo e aprendizado.

Maria Montessori acreditava que nem a educação nem a vida deveriam se limitar às conquistas materiais. Os objetivos individuais mais importantes seriam: encontrar um lugar no mundo, desenvolver um trabalho gratificante e nutrir paz e densidade interiores para ter capacidade de amar. A educadora acreditava que esses seriam os fundamentos de quaisquer comunidades pacíficas, constituídas de indivíduos independentes e responsáveis. A meta coletiva é vista até hoje por seus adeptos como a finalidade maior da educação montessoriana.
Trecho extraído do meu livro.
O que queremos dizer é que cada professor deve juntamente com a escola identificar o perfil de seus alunos e traçarem diretrizes que irão nortear o trabalho educacional.
Realizando uma análise das diferentes correntes pedagógicas, percebemos que mais uma vez o AMOR e o conhecimento são condições indispensáveis. Só iremos perceber em que momento estão nossos alunos, inteirá-los ao meio social(Vygotsky), respeitar suas auto-vontades (Montessori), fazer com que eles se integrem à comunidade, transformando-os para que a transformem (Freinet), proporcionar um ambiente em que aprendam em comunhão (Paulo Freire), criar oportunidade para a construção do conhecimento por meio da experiência prática (Construtivismo), exercitar habilidades e não incutir informações, considerando suas integralidades e atribuindo à eles um olhar holístico (Waldorf) e até mesmo para impor respeito, responsabilidades e regras da linha tradicional é preciso conquistar os alunos com Afeto, Gentileza e Amor.
“Professor, o método que você utiliza é irrelevante, o que importa é a pessoa que você é.” Isso é mágico. Rudolf Steiner
Mas atenção, ele não quis dizer que o método não é importante, é que diante da pessoa do professor o método torna-se apenas um meio.
Bibliografia
Nova Escola
Textos Andrea Cassone

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