sábado, 22 de agosto de 2015

DIVERSIDADE É A PALAVRA DA VEZ.



"A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir"  Maria Montessori


Respeitar as diversidades. Essa frase talvez seja uma das mais faladas no momento. Mas como respeitar as diversidades em um modelo escolar que prioriza as formas, os moldes, os modelos?
A maneira como o professor enxerga a vida, reproduzirá em sala de aula, e suas atitudes são orientadas pelas suas crenças e seus paradigmas.
Gosto muito de ler o que Maria Montessori fala sobre os professores, como também as considerações de Rudolf Steiner sobre a alma do professor. Perrenoud, também fala com muita propriedade sobre os delitos que o professor comete e que causam grandes males aos alunos.
Quando falamos sobre a pessoa do professor atual, do professor inspirador, a palavra diversidade deve estar bem clara e realmente ser respeitada.
Vamos pensar; um professor pode seguir uma religião, torcer por um time, mas nunca ser fanático; pode ter um partido político, mas nunca ser militante. Por quê? Simplesmente porque, quando se leva qualquer assunto ao extremo, perde-se o bom senso e, o bom senso é imprescindível em sala de aula.
Paulo Freire também nos deixou muito claro que, quando nos tornamos militantes, passamos a enxergar apenas o que nos convém e quando o professor age assim, gera muita revolta por parte dos alunos.
Nesse processo de transformação, da pedagogia tradicional para a contemporânea, a forma como o professor encara a diversidade é fundamental. A educação escolar ainda em molde antigo, em que um professor ensina da mesma forma para vários alunos e, estes devem manter a mesma conduta, não contempla o respeito às diversidades. Ora, como então ir contra a evolução da sociedade? É justo fazer com que nossos alunos retrocedam aos nossos paradigmas passados e nossas crenças pessoais? 
Será mesmo que dá para respeitar nossos alunos dentro da escola? Claro que sim! É difícil? Claro que é!
´Mas a alegria é que é possível!
Temos uma fala para os alunos que é a seguinte: - Olha só, se eu deixar você levantar toda hora da carteira, todos os seus colegas também vão querer e ai vai virar bagunça! Se as crianças são diferentes, aprendem de forma diferente, tem temperamentos diferentes temos que desenvolver estratégias para que a diversidade seja respeitada. Mas como? 
Temos a tendência de querer padronizar os alunos e uma fala muito comum na escola é que as regras existem e que é para todos. Concordo que regras e limites são necessários, porém podemos muito bem dar limites sem limitar. Parece conversa de louco, mas é assim que acontece quando o professor se propõe a caminhar para uma educação democrática. Por que não orientamos os alunos a se respeitarem entre si? Se temos na classe um aluno mais ativo, que necessita se movimentar com mais frequência do que os outros, vamos então mediar essa situação. Não é fácil, pois não educamos para o respeito, então os alunos não estão preparados para compreender que cada um pode agir diferente na sala e que deve haver respeito, e que, principalmente porque meu colega age de determinada maneira eu necessariamente também tenho que agir igual. Quando a escola dita que, direitos e deveres são para todos, acaba formatando todas as ações e como não trabalhamos a autonomia e a responsabilidade fica muito difícil deixar que os alunos sejam o que realmente são e que aprendem totalmente diferente uns dos outros. A ineficácia da aprendizagem acontece justamente porque cremos que basta ensinar bem e todos aprenderão.
Tenho uma classe com quatro alunos muito ativos que têm necessidade de se movimentar, levantam toda hora, conversam muito e também dois que resistem e contestam todas as regras e, para ser sincera, tenho dificuldade. Já foi pior, hoje estamos conseguindo compreender mais as necessidades de cada um. Fiz um trabalho de autoconhecimento, em que cada um falava sobre si e como se sente com relação às exigências. Na escola em que trabalho, desenvolvemos o Projeto, O Líder em mim, que nos ajuda a orientar melhor os alunos e a partir disso procuro trabalhar na diversidade.
Todas as problemáticas escolares permeiam a postura do professor. Não é tarefa fácil, não mesmo, mas é possível!
A Lei de Salamanca chegou ao Brasil, mas veio sozinha. Veio sem a compreensão do que é "ser diferente". 
Se tenho na classe um aluno inclusivo, é claro que minha prática vai ter que ser renovada e é claro que esse aluno irá absorver os conceitos de forma diferenciada, porém, se existir amor, respeito, compreensão e alegria, o caminho será mais leve.
Inovar a educação escolar vai muito além de receitas e modelos, inovar hoje é amar o ser humano livre de julgamentos e das amarras que os padrões nos impõem. Evidentemente existe muita dificuldade por parte das instituições, principalmente das públicas, no entanto se os professores se unirem, realizando projetos em conjunto e juntos se determinarem a enfrentar os obstáculos do panorama atual, a transformação chega, e chega para ajudar!

Andrea Cassone




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