domingo, 30 de outubro de 2016

FORMAR PROFESSORES EM CONTEXTOS SOCIAIS EM MUDANÇA

GOSTARIA IMENSAMENTE QUE PROFESSORES E PESSOAS INTERESSADAS UMA EDUCAÇÃO MAIS CRÍTICA LESSEM ESSE BRILHANTE TRABALHO BASEADO EM PHILIPPE PERRENOUD. Minha intenção é relacionar esse estudo com as atuais circunstâncias políticas e educacionais que vivemos no Brasil e reafirmar que PROFESSORES QUE INCUTEM IDEIAS PRÉ-CONCEBIDAS PODEM SER QUALQUER COISA, MENOS PROFESSORES.

Formar professores
em contextos sociais em mudança
Prática reflexiva e participação crítica
Philippe Perrenoud

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
Universidade de Genebra
1999

Tradução de Denice Barbara Catani


As sociedades se transformam, fazem-se e desfazem-se. As tecnologias mudam o trabalho, a comunicação, a vida cotidiana e mesmo o pensamento. As desigualdades se deslocam, agravam-se e recriam-se em novos territórios. Os atores estão ligados a múltiplos campos sociais, a modernidade não permite a ninguém proteger-se das contradições do mundo.

Quais as lições que daí podem ser tiradas para a formação de professores? Certamente, convém reforçar sua preparação para uma prática reflexiva, para a inovação e a cooperação. Talvez importe, sobretudo, favorecer uma relação menos temerosa e individualista com a sociedade. Se os professores não chegam a ser os intelectuais, no sentido estrito do termo, são ao menos os mediadores e intérpretes ativos das culturas, dos valores e do saber em transformação. Se não se perceberem como depositários da tradição ou precursores do futuro, não saberão desempenhar esse papel por si mesmos.”

Vejam o que está em negrito, acima. Muito bem, professores tendencialistas, partidários, militantes conseguem ter a clareza de que pelo menos são depositários da tradição e percursores do futuro? Evidente que não. Se defendo um lado, não aceito o outro, então incuto nos meus alunos as minhas escolhas e tendências. Dessa maneira, não formarei livres pensadores, pessoas críticas e que conseguem conviver com opiniões diferentes.

'A escola pode ficar imóvelem contextos sociais em transformação ?
O bom senso leva a pensar que, se a sociedade muda, a escola só pode evoluir com ela, antecipar, até mesmo inspirar as transformações culturais. Isso significa esquecer que o sistema educativo beneficia-se de uma autonomia relativa (Bourdieu e Passeron, 1970), e que a forma escolar (Vincent, 1994) é em parte construída para proteger mestres e alunos do furor do mundo.
Sem dúvida, os professores, os alunos e seus pais fazem parte do mundo do trabalho e, evidentemente, da sociedade civil. Assim, por meio deles, retomando a fórmula de Suzanne Mollo (1970), a sociedade está dentro da escola tanto quanto o inverso. No entanto, a escola não poderia cumprir sua missão se mudasse de finalidades a cada mudança de governo e tremesse sobre suas bases cada vez que a sociedade fosse tomada por uma crise ou por conflitos graves. É importante que a escola seja, em parte, um oásis e que ela continue a funcionar nas circunstâncias mais movimentadas, mesmo em caso de guerra ou de grande crise econômica. Ela permanece, senão um "santuário", pelo menos um lugar cujo estatuto "protegido" é reconhecido. Quando a violência urbana ou a repressão policial chegam às escolas, os espíritos ficam chocados.
A escola não tem vocação para ser o instrumento de uma facção, e nem mesmo de partidos no poder. Ela pertence a todos. Até mesmo os regimes totalitários tentam preservar essa aparência de neutralidade e paz. Compete ao sistema educativo encontrar um justo equilíbrio entre uma abertura destruidora dos conflitos e sobressaltos da sociedade e um fechamento mortífero, que o isolaria do restante da vida coletiva.
Muito bem, as escolas brasileiras estão sendo respeitadas acima das crises? Precisamos urgentemente de uma reforma que possa formar professores conscientes de seu papel. O Projeto Escola sem Partido, também não encontra solidez, uma vez que é impossível debater temas sóciais na sala de aula sem que o professor expresse juízo de valor, no entanto, se esse professor entende que é seu papel apresentar aos alunos todas as questões de um assunto, tentando ser o mínimo tendencioso, pronto, a escola passa a ser um espaço de reflexões.
Sejamos bastante lúcidos, também, para saber que esse paradigma (profissionalização, prática reflexiva e participação crítica) não corresponde:
nem à identidade ou ao ideal da maioria dos professores em função;
nem ao projeto ou à vocação da maioria daqueles que se dirigem para o ensino.”

Isso é real e pouco animador, no entanto Perrenoud continua a discorrer sobre a real postura do professor competente e se um professor realmente quer fazer a diferença precisa ler as obras dele.
Podemos perceber o quanto estamos no caminho errado, pois os conflitos estão dentro das escolas fato que não levará a um fim positivo. Tivemos a repercussão da jovem Ana Júlia que com o seu pseudo-discurso causou inúmeros olhares, no entanto ela veio revestida de um discurso feito, cheio de contradições e associada ao PT, portanto tudo caiu por terra.
Critico sim professores tendenciosos pois eles vivem em goma existencial. Se compreendessem sua real função, jamais utilizariam seu poder em uma sala de aula.
Aqui fica a minha sugestão: Ler Perrenoud.




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