sexta-feira, 20 de novembro de 2015

COMO FICA A ATUAÇÃO DO PROFESSOR DIANTE DESSA GERAÇÃO DE PAIS QUE SUPER PROTEGEM?

Boa pergunta! Difícil resposta!
Mas vamos pelo menos tentar refletir sobre essa questão!
Eu garanto que a frase mais comum que o professor anda escutando quando conversa com os pais sobre algum conflito acontecido na escola é: - MEU FILHO NÃO MENTE! Poxa quando escuto isso, desanimo de verdade! Como assim?? Criança mente, e muito! E o fato da criança mentir ou inventar histórias faz parte do seu processo de socialização, fruto de uma fantasia ou para escapar de um castigo. Entre 2 a 5 anos, a mentira deriva de fantasias e a criança mente sem ter consciência de que o que ela está falando não é real.
A partir dos 6 anos com o pensamento mais estruturado, já começa a ter boa noção de certo e errado e, muitas vezes menti para escapar de uma punição, pois já tem consciência dos seus atos e usa de malandragem para se livrar dos castigos.
O que os pais não compreendem é que mentir muitas vezes deriva do instinto de sobrevivência e adequação ao mundo adulto, portanto o problema não é a mentira em si, mas como os pais reagem diante das mentiras.
Quando acontece algo na escola, geralmente os pais já chegam tendenciosos a não aceitar a fala dos profissionais e o discurso é o mesmo: - MEU FILHO  NÃO MENTE!
Mais uma vez vou repetir que, o ponto crucial não é a mentira, e sim, como se comportar diante dela.
O excesso de proteção que essa nova geração de pais estão reservando aos filhos, muito me preocupa. Educar nos tempos atuais requer habilidade, calma, observação e bom senso.
Acreditar na escola nesse sentido se faz fundamental, pois, se o professor fizer algumas colocações e os pais confiam, poderá auxiliar com mais exatidão, porém, se a relação não for amistosa, com certeza os pais apoiarão a criança sem ao menos escutar a fala do professor.
Quando não conseguimos que os pais compartilhem conosco, a criança percebe a relação entre escola/família e ai aproveita a situação para tirar vantagem, pois sabe que é só ela fingir alguma coisa, que os  pais logo vão apoiá-la, criando assim uma relação mimada, cheias de vontades incabíveis.
Sinceramente não sei até onde irá essa falsa proteção. Pois, pais conscientes sabem que educar com afinco é um processo doloroso.
Os pais modernos deixam seus filhos tão expostos aos perigos tecnológicos, mas acham que a criança não pode sofrer na vida e tentam maquiar a todo custo o valor da vida real.
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Quero dar uma sugestão: Compartilhe a educação de seus filhos com pessoas de sua confiança. Quando a escola chamar para uma conversa, tente compreender a situação e juntos família/escola tomem medidas para evitar a reincidência das mentiras.
Lembrem-se, criança mente sim, e isso não significa desvio de caráter.
As crianças são seres em formação e muitas vezes nos testam para saber até onde podem chegar, e isso é um processo natural.
O que está fora da ordem é essa proteção desmedida e, essa  sim, pode causar danos na constituição das crianças, que se tornarão irreparáveis.
A vida não passa a mão na cabeça, quando chegam as lições para o amadurecimento do ser, se este não tem preparo e força, inegavelmente sofrerá muito, ao passo que pais que criam seus filhos para a vida real, esses sim vislumbrarão um futuro melhor para seus filhos.
Nesse contexto, o professor precisa desenvolver estratégias que envolvam mais assuntos da vida cotidiana e investir mais na mediação de conflitos. Como? Se na sua escola não existe espaço e aulas voltadas para as relações humanas, sugiro que na aula de Português trabalhe com as crianças textos e histórias que envolvam temas como respeito, as fábulas são excelentes para isso, e não apenas para crianças pequenas, elas podem ser utilizadas em qualquer fase. Existem também histórias curativas que ajudam demais a nossa prática. Na aula de história, trabalhe com grandes personalidades, identificando nelas exemplos de vida e caráter, garanto que será um bom começo.
Enquanto isso, nós professores vamos tentando fazer o que for possível para que essa geração não fique tão enfraquecida diante da vida ou então nós ficaremos ainda mais fracos e impotentes, restando apenas a esperança de que alguma semente seja plantada no coração dessas crianças mimadas pelos pais, perdendo a oportunidade de amadurecerem com equilíbrio.




Um comentário:

  1. perfeito professora Andrea Cassone, eu sou professora do Fundamental I e II e escuto muito sim dos pais, que seus filhos não tem culpa quando descumprem regras. Sempre tiram dos filhos a responsabilidade pelo ocorrido. Realmente desanimador!
    Por favor escreva mais sobre o tema!

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